SALAMANDRA - PARTE II

Cada um por todos

Escher

Devemos repetir os pecados de nossos pais? Mas o que é mesmo, pecado? E quais são os atos repetidos de nossos pais? A vida pende para os mais fortes. A força de vontade é a lei que une os corpos. Há uma estética definida em nossa mente, os padrões simétricos de contornos bem delineados que somente nossos olhos enxergam. Porque rotulamos nossas ações? Ou as comparamos com a da geração passada. Mudam-se os discos mas o beat é o mesmo. Aquela pancada surda que acelera o sangue. Há uma bomba em minhas veias. E o terror de todos é não saber quando tudo isso acaba. E choramos aos céus e corremos pelas largas avenidas de um shopping, perdidos na escolha de um novo sapato. E quanto mais dizemos: tenho razão. Dão um puxão na corda e vamos batendo em tudo, como uma bolinha de gude num terreno arenoso. E eu queria que fosse tão mais fácil. Ou você acha que realmente as pessoas tem o que querem? Ou o que merecem, melhor, pensam que merecem...? Não. Estamos todos tentando dar o melhor de nós para o mundo. Para que a roda gire mais... fluidamente. E não nos sintamos tão... vazios; como uma lata de sardinha num beco escuro cheio de gatos. 

Eu gosto de ver as pessoas. Suas insunuações de bondade, de se importar mesmo, de inspirar confiança em si próprio. Eu gosto de olhar. Há uma expressão física, um esforço do pensamento para formular, entender, reagir. Tudo a seu tempo, sem perder o compasso. É um baile de olhares. Alguns fugidios, desesperançados, fracos, cansados, totalmente ocupados com o passado. Um pérola bruta, cheia de algas simbióticas que cresceram com a existência depois de muito tempo no fundo do mar, o lugar que o sol não atinge.
É claro, também que tem os afortunados, os felizes, que não tombam nunca, esses só se ajudam e não merecem tanto destaque. Apenas olho para os tristes, assim aprendo mais sobre essa vida cheia de vaidades e mentiras. Agora, o que é a vida? Que a fez? Quem a continua modelar? Não seremos todos nós, monstros egoístas cheios de olhos? Porque não a tornamos mais fácil, sempre com um tempo para pensar nas respostas, nada imediato, nada sem razão, o motivo deve ser individual, a massa não responde por minhas necessidades. O homem é um só. E todos são um só homem.
Assim, um motivo de existir se daria pela livre e incondicional vontade de um ser humano, sem dever responder a nenhum padrão ou regime de existência cujo não o agradasse por completo, nisso continuaríamos cada um vivendo sua isolada maneira de ser, sem precisar oportunar ninguém. Mas ninguém vive só, não é mesmo? O que é preciso então fazer para que a vida seja relevante a todos, cada pequenino ser humano desse planeta gigante? 

   É preciso adaptar...



sam/2010

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