NA REAL

Moon - Pollock


Na real, não sei o que tá acontecendo comigo. Passo os dias sem sair de casa, quando penso em alguma coisa pra fazer que seja mais problemática que ir a padaria, me cago todo. Um medo toma conta de tudo, daí passa a imagem do Datena gesticulando em frente a uma tela verde projetando a imagem do assassino da vez, eu fico mais ressabiado. Um gelo no estômago. Vou até o portão, olho a rua vazia na suspeita que haja alguma marginal espreitando, pronto pra levar meu carro, mas eu não tenho carro! Tá certo! É apenas paranoia. Destranco o portão, as correntes, o cadeado e acelero pra padaria olhando pra todos os lados, de vez em quando espreitando pelas costas, encarando vira-latas esfomeados e criancinhas nervosas jogando pedras nos pombos. Volto mais rápido que ejaculação precoce, tranco o portão, as correntes, o cadeado; fecho a porta e as janelas, e torço contra a bala perdida.

Pode ser mais uma neurose, mas não me sinto nada bem nesse mundo. Me recordo das coisas que aprendi sobre o Cristianismo e me sinto mal por me esconder assim sem me importar um pouco que seja com os miseráveis ou os pobres de espírito. Não. Só me importo com meu umbigo, na verdade nem com ele to mais aí. Me sinto perdido, confuso e perplexo ante essa sociedade do absurdo. Políticos patrocinando terrorismo pra alavancar eleitores, dinheiro público indo pro ralo e o Estado sendo privatizado aos poucos, partidos se tornando verdadeiras empresas, empresas virando aglomerados cartéis, ONG´S fraudulentas como suas entidades patrocinadoras, e a velha Igreja nada de braçada nas tetas de Leviatan, sem impostos, sem auditorias, sem prestar nenhum tipo de assistência social, filantrópica, psicológica. Não! Eles continuam interessados em inchar o patrimônio!

A TV aberta me anoja, exceto a TV CULTURA que parece resistir fielmente à estupidez generalizada nos meios de comunicação. Mesmo meus projetos com música, cinema ou contos parecem soar tão sem sentido, vazios. Do que adianta? Não tenho mais saco pra peitar tanta ignorância.
A faculdade serve pra duas coisas: gastar seu dinheiro e te conseguir uma cela especial no CEPAIGO. Se quiser aprender alguma coisa sobre a verdade das coisas não pode ir pra lá. Você vai se perder. Eles vão dizer que você não é nada sem um diploma, mas não se preocupe, eles estão errados, você já é alguém e eles não podem tirar isso de você. Se quiser aprender sobre algo, vá atrás da fonte, da versão original, beba do autor, não beba de outros que falam por ele.

Vou me retirar agora, cansei de ficar escrevendo pra que você, num futuro previsível fique por dentro do que rolava na minha cabeça nesse tempo do absurdo. Cansei desse jogo todo.
To tentando aguentar, mas tá foda!






Sam
23/03/2012


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