Há tempos que ouço uma voz que dizia que a morte não é um
fim e que se eu quisesse poderia finalizar de uma vez por todas meu carma nessa
roda de sofrimento em que se encontra presa as almas dos homens. Eu não me
preocupei com isso, pois assim como os Beatles queria viver o jogo da
existência até o fim já que não tinha nada melhor em mente pra fazer mesmo. Mas de alguns anos pra cá, precisamente 2006, venho escutado
muito essa voz, na verdade não é mais só uma voz. Antes, eu percebia ela como
um frágil devaneio que ia e vinha. Depois como pensamentos permanentes que
formavam uma caracterização mental mais forte. Então, de repente ela se tornou
uma idéia como qualquer idéia que se propaga na mente dos fracos.
A meme, a gene das idéias, um vírus na alma te corroendo
anos a fim. Eu escutei essa voz, agora uma idéia quase acabada e não a joguei
fora. Guardei nos cantos escuros de minha mente para um dia eu meditar melhor
sobre ela.
Hoje ela cresceu e tomou outras formas e não pude mais
escondê-la de mim. Quando acordo ela está martelando as outras idéias de uma
possibilidade de um dia feliz para mudarem de opinião. Ao deitar, fecho os
olhos e conto as horas restantes para tornar a vê-la. Ela está erguida em seu
palácio de madrepérola dentro de meus sonhos me convidado a torná-la real e
sair do mundo de minhas idéias e pensamento e invadir minha vida fugaz de
formas e aparências. Mas eu me calo e não a reprimo.
E digo a mim mesmo, talvez acorde amanhã e saiba quem sou e
o que tenho que fazer. Vem então o sol e continuo ignorante de meu mal.
Tudo bem!
Saio pra rua, vejo pessoas, converso com os poucos amigos
restantes. Como porcarias, assisto TV, jogos de vídeo-game, sexo, álcool, Juana... De repente paro e me calo por um momento procurando outra forma de
prazer ou qualquer coisa que me tire essa sensação sufocante de tédio, náusea,
melancolia. E tudo o que vejo em minha mente estava lá desde a primeira vez em
que a ouvi. A voz virou um pensamento e agora se tornou numa idéia fixa,
irredutível, imutável!
Ouço o som de minha morte chegando como um trem bala.
Hoje, depois de tudo que passei parece-me certo entregar-me
a ela, à senhora de todos os nossos destinos, a quem extingue a vida dos
homens...
Mas tenho medo. E me entristeço pelos que ainda tenho
apreço.
Guardo-a novamente em meu lugar secreto até que a idéia se
metamorfoseie num firme propósito em algum tempo breve ou não. Talvez seja
apenas presságios do fim dos dias, com os comprimentos de não-esquecimento da
senhora bandida dona Morte. Talvez seja um monte de bobagens. Eu não penso mais.
Fevereiro de 2012
sam
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